sexta-feira, 8 de maio de 2009

MURO DAS LAMENTAÇÕES SEM CULPA

Queridos...eu ainda não li nada sobre as novas regras ortográficas,ok???

Devo dizer que conheço, a fundo, as dores de um cuidador.Sei o que acontece quando surgem ,vorazes, as loucuras da mente de nossos entes queridos demenciados. Inclusive o quanto é discriminada e reprimida a palavra loucura.
Mas é com algo assim assustador que nos defrontamos no caminhar lado a lado com a Demência de Alzheimer,ou outro tipo como a demência por múltiplos enfartos.
Lembro de um dia, quando ainda estava na casa de minha tia Abgail, de tê-la encontrado nua, no banheiro, com o gas aberto, a calcinha na cabeça e tentando acender o chuveiro.A cena foi chocante, e teve em mim um efeito paralisante.Eu fiquei bons momentos alí,estatalada.Até ter o impulso de agir.
Eu, perdida e confusa.Ela, apavorada,pois logo logo se deu conta da própria atitude.
Essa confusão e sensação de desamparo nos acompanha diversas vezes, mesmo hipotéticamente assisitidos por profissionais de saúde.Porque estamos todos confusos.As pessoas não adoecem da mesma forma.As fases são as mesmas,mas as reações várias. E nem todos os médicos são humildes o suficiente para simplesmente nos falar que também não sabem.Descobrimos sozinhos a solidão.
Sentimos desamparo, raiva, culpa,revolta.Sentimos compaixão, amor,nos emocionamos .Tudo de forma caótica ,alternada ou não.
Sanidade,insanidade.Sanidade,insanidade...
Os
Jardins Paralelos são os locais onde plantamos flores da esperança de que a ciência caminhe mais e mais, complementada pela visão espiritual desses processos demenciais.
Planto nossos sonhos de que, um dia, a doença não nos leve a um cabo de guerra entre a alopatia e a homeopatia. Entre a alopatia e as essências florais.Todos caminhos necessários para a sobrevivência psicológica e emocional de todos os envolvidos no processo.
Espero a primavera , sendo amante inconteste do outono.
Os
Jardins Paralelos são locais emocionais que espero cultivar aqui, auxiliando quem necessitar de apoio com as essências florais,que tanto me mantiveram bem em meio à confusão.Poderia ter sido pior o período de depressão que enfrentei se não fossem os florais.
Paralelos porque agora,agorinha,quando estou esperando a próxima troca de fraldas ou subida de pressão arterial da tia Ivone, outros mundos nem imaginam que existimos...e creio que sequer no infinito nos encontraremos.Não importamos.
Nosso dia a dia encarando fezes e urina afastam qualquer um que já não viva algo assim.Isso assusta.Isso,para outros mundos, é inimaginável.Inadimissível.
- contrate alguém...
É o que é dito sempre.Sugestão leviana quando não há renda para tal.
Sei disso por ter feito parte desses outros mundos,em outras épocas de minha vida.
Tenho tanta coisa a colocar aqui no muro...
Sugiro que entrem sempre com esse título, esse mote : Lamentações sem Culpa.